28/10/2017

Tati C. Entrevista: Ben Oliveira


Oiiiiii gente, voltei.
O meu entrevistado de hoje é o Ben ♥
É muito bom conhecer gente incrível na internet, principalmente quando temos os livros como paixão, antes de conhecer o Ben eu pensava que ele era muito legal, e depois que eu conversei com ele isso só se confirmou :)
Obrigada Ben por participar desse mês tão especial para o blog ♥
Então vamos a entrevista:



T- Conte-nos mais sobre você, sobre o seu trabalho.
B- Meu nome é Ben Oliveira e sou escritor há alguns anos. Além de escrever minhas próprias histórias, algumas publicadas em livros impressos, outras em formato digital, seja na Amazon ou no Wattpad, também tenho um blog onde escrevo resenhas de livros e demais conteúdos sobre o universo da leitura.

T- Qual foi o primeiro conto/livro que você escreveu? Muita coisa mudou na sua escrita?
B- O primeiro conto que eu escrevi e publiquei, foi o Prazeres Perigosos, publicado por uma extinta editora brasileira de temática gay. Foi o meu primeiro conto publicado em 2013, então, minha escrita continua se transformando com o passar do tempo. A cada leitura, a cada escrita, a cada experiência o escritor vai se aproximando ainda mais do seu estilo, da sua verdade. Por outro lado, a essência permanece a mesma. Da escrita mais objetiva, por causa da minha formação em jornalismo, aos poucos fui moldando, me adaptando. Acredito que diariamente o escritor está em processo de transformação, mas a mudança é sutil, não dá para fugir de si mesmo.

T- Para você qual é a maior dificuldade em ser escritor de terror/suspense aqui no Brasil?
B- Abertura de espaço para o gênero. A literatura nacional como um todo precisa de mais investimento, mas alguns gêneros ainda sofrem mais preconceitos do que outros. São poucos escritores que conseguem se dedicar à escrita. É um oficio que exige muita energia mental, mas muitas vezes, os autores precisam se dividir em várias atividades, além de ter que trabalhar para sobreviver - escritores precisam de recursos e apoio para produzir. Aos poucos, vemos uma abertura para novos autores no mercado editorial tradicional (de editoras que não cobram dos autores), mas ainda é insuficiente, o que leva muitos autores a apostarem na publicação independente, ou até mesmo em editoras que prestam serviços de publicação (autor precisa pagar pelos exemplares).

T- Qual autor(a) te inspirou a escrever esse gênero? O que você diria pra ele(a) se tivesse a oportunidade?
B- Não foi só um autor, mas se pudesse escolher só um seria o Edgar Allan Poe. Edgar teve uma história de vida bem sofrida. Eu diria pra ele que ele se tornou inspiração para tantos escritores e que não faz ideia do legado que deixou. O trabalho de Poe abriu as portas para a literatura sombria. Sem ele, dificilmente teríamos escritores como Stephen King. Então, eu o agradeceria pela coragem de lutar pelos seus sonhos, ainda que em vida, os resultados tenham sido trágicos.

T- Seus personagens são inspirados em alguém?
B- Acredito que todo personagem consciente ou subconscientemente tem traços de pessoas que já cruzaram nossos caminhos de alguma forma, porém eles têm tantas peculiaridades que acabam se tonando como pessoas vivas e da mesma forma que não existem duas pessoas exatamente iguais, os personagens, muitas vezes, são únicos.

 T- Qual é o seu livro favorito?
B- Não tenho um livro favorito, mas se pudesse citar um livro que me marcou bastante foi A Menina Submersa, da Caitlin R. Kiernan. É um romance que explora a linguagem e nos faz vivenciar a trama através da perspectiva de um esquizofrênico. A leitura pode ser bem intensa. Gosto de livros que me transportam para outros mundos e me fazem sentir os desafios do protagonista. Imp é uma personagem com tantos conflitos internos, que é bem difícil não se levar pela narrativa. À primeira vista, alguns leitores podem achar o livro complexo ou não entender a proposta da autora, que é justamente passar essa sensação de como o transtorno mental da narradora influencia sua maneira de contar a história, mas na minha opinião foi o que tornou o livro mais autêntico. O livro também está cheio de trechos marcantes. Dá pra ver que a escritora se esforçou bastante para trabalhar a linguagem.

T-Qual foi a sensação de ter pela primeira vez seu livro físico em mãos?
B- A primeira vez que segurei em mãos um dos livros que participei em coletâneas foi uma experiência maravilhosa, mas o fato de não ser algo completamente meu, não deu o mesmo impacto do que ao segurar um exemplar de Escrita Maldita, por exemplo. Um romance leva mais tempo e energia para escrever do que um conto. Então, segurar o livro pela primeira vez é algo que te faz sentir grato por todas as horas escrevendo, revisando, editando, reescrevendo... Do início do projeto de escrever um livro até a sua finalização, passa um tempo considerável. Que nenhum leitor se engane que o tempo de leitura e o de escrita são equivalentes.

T- Como você lida com as críticas?
B- É preciso distanciamento e uma dose de discernimento. Nem sempre é fácil, mas é o mais sensato. Até o momento, tenho recebido críticas positivas, mas sei que leitura é algo muito pessoal, sempre vai existir quem gosta do seu trabalho, quem não gosta. Ser autor independente, por exemplo, muitas vezes, significa que você vai cuidar de quase todos os processos. Logo, como em qualquer projeto, mesmo aqueles que passam por mais mãos, sempre há riscos de passar algum erro. Também dá para encontrar conforto no fato de que nenhum autor consegue ou algum dia conseguiu agradar a todos. Isto é natural. As pessoas têm diferentes bagagens e constroem diferentes relações com a leitura de um livro. Quando a crítica é pertinente, dá pra levar em conta os pontos levantados. Antigamente, escritor não tinha a opção de ler ou não as críticas. Hoje em dia, com a internet e as redes sociais, é muito mais difícil fugir.

T- Qual foi a cena mais difícil que você já escreveu? (Pode contar sobre ela?)
B- Não diria que foi a cena mais difícil, mas para escrever Escrita Maldita, tive que me colocar na pele do protagonista. Me imaginar como o escritor do romance, sem dúvidas, foi algo tão angustiante para mim, quanto é para o leitor. Daniel Luckman é um escritor que se sente prestes a romper os fios com a realidade. Quem já teve um ataque de pânico sabe que a sensação é bem desagradável e, muitas vezes, sua mente te prega peças a ponto de parecer que você vai morrer, que você vai enlouquecer. Então, não foi tão agradável me colocar nesse cenário enquanto escrevia. O processo de criação literária pode ser bem intenso para o escritor.

T- Já teve bloqueio criativo? Como superou?
B- Vários. Há uma frase de uma autora que diz que o escritor que espera pelas condições ideais nunca escreve. É bem difícil não deixar os problemas pessoas afetarem a escrita. Mas não só os problemas que causam bloqueios, como também a fadiga, a ansiedade ou problemas circunstanciais. A mente precisa ter energia. Às vezes, você sabe o que quer escrever, mas não está conectado consigo mesmo o suficiente para dar vida para a história. outras vezes, você encara a tela em branco e não faz ideia de qual caminho seguir. Quando isso acontece, muitas vezes, eu me foco em outros projetos, para continuar escrevendo. Escrevo textos soltos, contos, crônicas. Tiro um tempo para desacelerar, assistir filmes, séries ou correr e praticar Yoga. As ideias logo vêm. O problema é quando o bloqueio se torna uma constante. Às vezes, o escritor fica ansioso. É preciso lembrar que um livro se escreve capítulo a capítulo. Se você pensa no livro inteiro de uma vez, principalmente nas fases iniciais, a sensação é de que nunca vai conseguir escrever tudo. Agora, se fraciona as tarefas e se organiza, fica mais fácil para lidar com os possíveis bloqueios.

T- Qual é a sua meta como autor?
B- Minha meta é continuar escrevendo e sendo lido. Enquanto existirem histórias para contar, existe esperança. Ser escritor é um ofício que levanta muitas expectativas e é preciso ter um pouco de pés no chão para não se frustrar. Nem tudo acontece como imaginamos ou gostaríamos. O mercado de livros é bem imprevisível e tudo pode acontecer.

T- De onde surgiu a ideia para Escrita Maldita?
B- Escrita Maldita surgiu da ideia de mostrar como escritores de terror podem ser bem diferentes e ao mesmo tempo tão parecidos. Tudo começa com Daniel Luckman vencendo um prêmio por causa do seu romance de terror de estreia. Eu quis passar para o leitor um pouco da sensação que acompanha o escritor e o processo de criação literária e mostrar como pode ser bem intenso.

T- Deixe algum recado para os leitores.
B- Obrigado pelo apoio. São as leituras que tornam possíveis os livros. Sem os leitores, os textos ficariam engavetados e jamais seriam publicados.

Ben mais uma vez obrigada por aceitar a entrevista ♥
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Espero que vocês tenham gostado ♥
Até o próximo post
bjo

2 comentários:

  1. Oi, Tati!
    Muito obrigado pelo convite. Muito bom poder participar do seu blog. Continue com o bom trabalho, apoiando escritores nacionais e indicando livros. Faz muita diferença ♥ Sou grato!
    Beijos

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    Respostas

    1. Ben eu que agradeço todo o carinho que você tem comigo e com o meu trabalho.
      Obrigada mesmo ♥
      ótima quinta
      bjo

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Muito obrigada(o) pela visita.
Deixe o seu comentário que retribuirei com todo carinho ♥

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